Camélia

Hora de juntar mais uma flor ao jardim dos nomes próprios! Camélia, tão forte e carismático, tão doce, feminino e artístico! Olho para Camélia e vejo um nome de vanguarda, muito chique, mas simultaneamente muito terra-a-terra, emanando a simplicidade e a beleza das flores. É distinto, original e surpreendente!

Lembra-me o inconfundível romance de Alexandre Dumas, A Dama das Camélias, passado na sociedade parisiense dos finais do século XIX. A história retrata a vida aristocrática de Margarida Gautier, uma senhora da alta sociedade, dona de uma beleza ímpar e cortejada pela maioria dos homens com quem se cruza. Aparecia sempre em público acompanhada por um belo ramo de camélias, daí o título do livro, que inspirou mais tarde a ópera La Traviata de Verdi e teve direito a várias encenações cinematográficas, sendo a mais famosa a de 1936 (Camille), onde a protagonista é a belíssima Greta Garbo. Pode parecer um preciosismo, mas esta referência aos anos de ouro de Hollywood fazem com que Camélia adquira um outro brilho e glamour.

O nome da flor, através do qual Camélia se tornou nome próprio, tem origem no sobrenome do botânico que lhe atribuiu nome, Georg Joseph Kamel, à semelhança do que acontecia com outras flores como Dália e Lineia, cujos nomes também foram inspirados nos seus estudiosos. Procurando, junto de várias fontes, uma possível origem para Kamel, e dado que o botânico era checo, é possível considerar uma origem nórdica, latina e até grega, para o nome, que significaria camelo. Uma outra possibilidade (Wikipédia) é que se trate de uma forma romena para o verbo amar e/ou querer. Por fim, uma alternativa pouco viável dada a naturalidade de Kamel, é que se trate de um nome árabe que significa perfeita/o.

Estima-se que no Brasil existam apenas 370 pessoas com este nome, nascidas entre 1930 e 2000, não tendo sido registadas crianças com este nome recentemente. Em Portugal, estima-se que tenham sido registadas apenas 52 meninas com este nome entre 1920 e 1980 (a partir de 1955 não houve nenhum registo). Recentemente, foi registada uma Camélia em 2013 e outra em 2015 (desconhece-se se houve composto ou não).

Como se pode constatar, Camélia não tem tradição em Portugal, pelo que também não se o pode considerar antigo ou datado. Como tem ligação à natureza poderia enquadrar-se num estilo muito naturalista de nomeação ao lado de outros nomes de flores ou de elementos naturais, como, por exemplo, Aurora ou Luz. É muitíssimo parecido ao cada vez mais popular Amélia e pode apresentar-se como uma alternativa viável a Camila.

Camélia tem o seu não-sei-quê de exótico e atrativo, que o torna um nome bonito para os nossos dias, concordam?

Fontes consultadas:

ARPEN/SP, Behind the Name, Desabafos Agridoces (A Dama das Camélias), IBGE, IRN, SPIE, Wikipedia.